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Joaquim João, técnico do Ferroviário de Inhambane(O homem elástico)

08/12/2011


JOAQUIM João Fernandes nasceu a 1 de Outubro de 1952, no distrito de Mopeia, província da Zambézia. Começou a sua carreira futebolística no Ferroviário de Quelimane e, em 1969, chega à capital do país, para alinhar pelo Ferroviário.

Durante 20 anos foi jogador activo, dos quais 10 ostentando a braçadeira de capitão dos “locomotivas” e da selecção nacional. Teve uma passagem de uma época pelo Maxaquene.

Em reconhecimento aos seus feitos, foi galardoado com a Ordem Nachingweia.

JJ esteve presente na assinatura dos Acordos de Nkomati, em 1984, entre os Governos moçambicano e sul-africano. Foi várias vezes convidado para cerimónias de Estado na Ponta Vermelha, assim como para a investidura dos Presidentes Joaquim Chissano e Armando Guebuza.

Foi internacional 42 vezes, membro do Conselho Nacional do Desporto, destacado num texto do livro da quarta classe do novo sistema de educação e ícone dos 35 melhores jogadores do país.


O ANTIGO capitão do Ferroviário de Maputo e da Selecção Nacional de Futebol, Joaquim João, diz que quando completar 60 anos de idade, em 2012, irá colocar ponto final à sua carreira no futebol, iniciada na década de 60, como jogador, e que se prolongou até aos dias de hoje, já na qualidade de treinador.




Tínhamos ganho na Machava por um memorável 3-0, a uma Selecção camaronesa recém-glorificada no Mundial de Itália. A “fera” jogava agora em casa e sentia-se ferida. O ambiente em Yaoundé tornou-se um inferno.

Em volta do campo havia fogueiras. Dava a impressão que era onde pretendiam assar os moçambicanos. Antes do jogo, Joaquim João, o famoso JJ, foi duas vezes à casa-de-banho, “mas não saía nada”. No final dos 90 minutos, Moçambique perdeu por 4-0, afinal o resultado que nos eliminava. Foi um dos momentos mais dramáticos da vida do “crónico” capitão do Ferroviário e da Selecção Nacional, um dos maiores e mais carismáticos defesas-centrais de todos os tempos da nossa Pátria Amada.



A grossa braçadeira de capitão, o estilo e a “souplesse” com que se antecipava para os desarmes, eram as suas imagens de marca. Nos momentos difíceis era a ele que competia erguer o astral dos colegas. Ao longo cerca de 20 anos de carreira, as suas qualidades de atleta íntegro e cidadão dedicado, valeram-lhe a medalha Nachingweia, que guarda com muito carinho.


Uma vez penduradas as botas, Joaquim João abraçou a carreira de treinador, exercendo com a mesma entrega as novas funções a que se propôs. Já foi adjunto nos Mambas e treinador principal em diversos clubes, da capital e do resto país.

Actualmente orienta o Ferroviário de Inhambane. Não considera que houve alguma despromoção, pois... - O que importa é levar as ricas experiências acumuladas, a todos os cantos do país onde se jogue futebol – vai dizendo, a gracejar.


Mas o que ele não entende mesmo, é como no seu tempo ficava, nos dias que antecediam os grandes jogos, totalmente em estado de tensão, absorvido a pensar no que poderia acontecer na partida em questão. Hoje, muitos dos seus jogadores até descem ao relvado para o aquecimento, munidos de fones para ouvirem música! Sinais dos novos tempos...



Bana estilo

Marcou uma época e um estilo. Um regalo para quem o viu jogar. O “manachuabo” estiloso, diz com orgulho que a Selecção Nacional, no seu tempo, era formada, maioritariamente, por “chingondos”(nortenhos). E vai enumerando: Nuro Americano, José Luís, Chababe, Filipe, Orlando Conde, Rui Marcos, Sábado, Djão, Ângelo e outros. Quem assim fala, não é gago. Só que o eterno problema das assimetrias, obrigou-os a virem para o Sul para se afirmarem.

Jóta-Jóta, conhecido por homem elástico, é um central que ainda está na retina de muitos dos que acompanharam os períodos áureos do nosso futebol pós-independência. A sua arma principal? A antecipação e a “adivinhação” dos lances. Mas tudo feito com estilo e elegância, evitando sujar os calções...



De atacante falhado, a estrela do desarme

Foi difícil a sua iniciação, na Zambézia, com uma perna partida de permeio, facto que quase o fazia abandonar o futebol de vez. Ouçamo-lo: - Parti a perna num jogo e a minha mãe, depois de todos os tratamentos para eu ficar bom, proibiu-me de jogar. Estive para seguir a carreira da pintura, até tinha muito jeito, mas o “bichinho” do futebol falou mais alto.

Tempos volvidos, foi numa deslocação do então Ferroviário de Lourenço Marques a Quelimane, recheado das suas estrelas, que parmitiram a Joaquim João dar nas vistas. Depois... foi chegar à capital, ver e vencer?

Nada disso. O então jovem Joaquim João, em 1969 com 19 anos chegou à capital recheado de sonhos e ambições. Mas, atenção: o JJ jogava a ponta-de-lança. E como pelas bandas do Sul as coisas eram bem diferentes, teve que “comer banco” até ao dia em que… - O treinador Francisco Pontes viu que as minhas aptidões não eram para avançado e mandoume jogar a defesa central, numa partida em que vencemos o Benfica por 4-2. Contra mim jogava o meu irmão Afonso João.


A partir daí, nunca mais “comi banco” e até ascendi à Selecção, na nova posição que me foi confiada. Longe da família, com saudades da terra um episódio o marcou de inicio: -A questão da língua. Uma tortura nos primeiros tempos. É que, enquanto em Quelimane toda a gente na cidade se comunicava em Português, aqui não. Alguns levavam a mal por eu não saber ronga. Jambane, Nelson Mafambane, Baltazar, Gafur e outros, encorajaram-me a vencer. Mas não foi fácil.

Com ficha assinada e tudo… Falhou o Benfica por “culpa” da tropa

Em 1973, gorou-se a oportunidade de dar um novo rumo à sua carreira. Após uma deslocação do Ferroviário a Portugal, treinou no Benfica, sob as ordens do inglês Jimmy Hagan e agradou. Chegou a acordo para a transferência, assinou a ficha mas… - A tropa inviabilizou tudo. Nem o Benfica conseguiu remover esse obstáculo. Creio que passei ao lado de uma grande carreira. O meu empresário era o senhor Armando Silva. Ficou a mágoa. Felizmente, na tropa, nunca fui para o mato, estive sempre na secretaria, também graças ao futebol.



O começo: Trabalho de manhã treinos à tarde

Nasceu em Mopeia, já lá vão 58 anos. Pertence a uma familia de desportistas: Mário João, irmão mas velho, defesa, notabilizou-se no Setúbal e no Boavista. Vive actualmente no Porto; Afonso João, avançado, jogou no Benfica de LM. Só o Luís não deu muita atenção ao futebol, pois desde cedo apostou na Marinha Mercante. A sua carreira começou em Quelimane, no Ferroviário, sob o comando de Humberto Nazaré.


Veio para a capital em 69, contratado como futebolista, mas profissionalmente como auxiliar de secretaria. Vivia no Lar dos CFM, trabalhava de manhã e treinava à tarde, mas só era dispensado nas vésperas dos jogos. Fora disso, os treinos eram depois das 17 horas. - Uma coisa curiosa é que, se saíssemos do serviço e não fôssemos treinar, automaticamente apanhávamos falta. O esquema estava montado e a disciplina era rigorosa.
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