Zambézia: Desportistas criticam política governamental

“O MAIOR parceiro para relançar o desporto é o Governo, mas a politica desportiva desenhada pelo executivo do nosso país eterniza o afastamento da Zambézia nas grandes competições nacionais”, esta é a visão de Pio Matos apresentada há dias na cidade de Quelimane durante uma palestra proferida pelo decano do jornalismo desportivo Renato Caldeira subordinada ao tema “Zambézia no Moçambola 2013”, organizado pelo actual edil da capital provincial da Zambézia Manuel de Araújo. Pio Matos, na qualidade de desportista e professor de Educação Física, disse que se hoje o Desportivo de Maputo, por exemplo, está a singrar é porque tem patrocinadores fortes. Indicou também o Costa do Sol, Chingale e os Ferroviários que estão a movimentar várias modalidades com sucesso porque os seus patrocinadores estão apostados, mas já o mesmo não acontece na Zambézia. Pio Matos observou, no entanto, que as empresas que apoiam aqueles clubes estão representados em Quelimane onde têm actividades económicas, colectam receitas, mas os impostos são pagos noutras praças financeiras, incluindo o apoio ao desporto. “Neste caso, a política desportiva tem de ser redesenhada para que Zambézia e outras províncias possam tirar vantagens no desporto”, disse Pio Matos, para depois estender as suas críticas aos clubes que actualmente deixaram de ser centros de recreação para apenas se preocuparem com os resultados.No seu entender, Zambézia já esteve bem quando havia empresas a desenvolver as suas actividades económicas e a prestar apoio ao desporto. A província da Zambézia está há dez anos que não participa no Moçambola, prova máxima da hierarquia do futebol moçambicano. A última vez fê-lo com o Benfica de Quelimane, na altura presidido por Asraf Kassam, tendo ficado por duas épocas na mesma prova. O edil de Quelimane, Manuel de Araújo, está muito preocupado e disse, na ocasião, que o Moçambola é uma competição futebolística com efeitos multiplicadores, nomeadamente o turismo. Apelou aos presentes para se envolveram nesse projecto de trazer o Moçambola, esquecendo-se os clubismos. Carlos Parreira, outro desportista, disse haver uma imperiosa necessidade de renovação da liderança das associações e dos clubes para trazer novas ideias para melhorar o desporto no seu todo. Para acabar com querelas e clubismos, Carlos Parreira propôs a criação de uma equipa provincial em que os melhores jogadores serão colocados para representar os interesses da Zambézia no Moçambola. Entende igualmente que deve ser criada uma conta bancária onde todos os interessados possam depositar valores monetários para que essa equipa, caso se qualifique para o Moçambola, não passe por muitas dificuldades.Entretanto, Ricardo Uanheta, antiga estrela e treinador de futebol, corroborou com a ideia de renovação da liderança desportiva. Disse no debate que não há por parte das lideranças desportivas o respeito pelos direitos do atleta. Explicou que o treinador que exige esses direitos, como por exemplo, lanches depois de uma sessão de treinos pode ser expulso. “Dirigentes que agem assim já não servem, por isso, eu sou de opinião de mudança de lideranças porque alguns estão lá há um quarto de século e pensam que os clubes são seus feudos”, disse Ricardo Uanheta. Entretanto, o orador Renato Caldeira disse aos presentes que Zambézia não pode continuar a viver do passado mas deve valorizar o que há de bom no presente para poder avançar. Explicou que o segredo do sucesso, reside, fundamentalmente, em procurar a culpa em cada um dos participantes e auto-questionar-se sobre o que tem feito quando acorda para melhorar o desporto na Zambézia.Renato Caldeira entende que o sucesso deve ser programado, apostando-se na formação nos clubes. “Tem que ser um desafio a longo prazo e deve haver uma forte crença de que isso vai resultar e todos trabalharem nesse sentido”, disse Caldeira. Fonte:Jornal Noticias