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Artur Semedo culpa irmãos Sidat pela sua saída da Liga Muçulmana

12/07/2012


Ex-treinador diz que não foram maus resultados que ditaram o seu afastamento.
Sem papas na língua. O agora ex-treinador da Liga Muçulmana escolheu um bode expiatório para a sua demissão do comando técnuico
: os irmãos Shafee e Zuneid Sidat.

Ao fim de duas épocas e meia, com o saldo de dois campeonatos nacionais ganhos, a Liga Muçulmana decidiu rescindir o contrato de trabalho que mantinha com o treinador Artur Semedo, por alegados maus resultados. Na entrevista que se segue, Semedo diz que saiu porque se recusou a ceder às interferências de Shafee e Zuneid Sidat no seu trabalho.

Disse numa entrevista a um jornal da praça que se sentia aliviado por se ter desvinculado da Liga Muçulmana...

Foram dois anos e meio de ligação à Liga, a convite do presidente do clube. Na verdade, o apoio à minha pessoa estava apenas vinculado ao presidente do clube, e eventualmente ao Sheik Cássimo David. Mas isso não foi corroborado por outros elementos, que não fazendo parte do clube, têm muita interferência na vida do mesmo...

Está a falar concretamente de quem?

Das pessoas que fazem parte da família do presidente, concretamente o seu irmão, o seu filho e eventualmente os seus dois irmãos.

Shafee e Zuneit Sidat?

Claramente, esses dois.

Que tipo de interferência tinham?

São pessoas que têm influência no desenrolar da vida do clube. São pessoas que estão próximas e têm cumplicidade com o clube, zelam pelos seus interesses. Não me custa dizer que têm uma ligação afectiva ao clube.

Mas, afinal, que influência exerciam sobre si e sobre a equipa principal da Liga Muçulmana
?

O facto de termos chegado a esta ruptura foi por influência de alguém. Não faz sentido que, decorridos estes anos, tendo eu inclusivamente proposto ao clube que escolhesse um outro treinador, por termos tido algumas desavenças, que foram públicas, isso não tenha sido aceite. É claro que o clima de alguma instabilidade estava criado, e as relações estavam cada vez mais a deteriorar-se. E chegámos a um desfecho que é ocultado pelos resultados. Sublinho, uma vez mais, ocultado pelos resultados.

Os resultados da Liga Muçulmana, esta época, não são suficientes para justificar a sua demissão?

Claro que não. Até porque o estado de graça do treinador, decorridos dois anos em que foi campeão, merecia para qualquer agente maior sensibilidade, atendendo à trajectória da equipa. Claramente, não foram os resultados que ditaram a minha saída, isso, sim, posso garantir-lhe. as relações estabelecidas com estes agentes é que fizeram com que a ruptura se efectivasse, para o bem do clube e para essas pessoas.

Esses senhores agenciam jogadores, alguns da Liga Muçulmana. Exigiam a sua utilização pelo treinador? Que tipo de interferência eles tinham?

Provavelmente eu não fosse uma pessoa grata, simpática para essas duas pessoas, desde o início. Portanto, eles deviam ter outro tipo de interesses, desde a integração de jogadores no plantel, planificação da época, a constituição do plantel, inviabilização de contratatação de jogadores, entre muitos outros factores, só para citar alguns exemplos. Usavam até métodos subversivos e algumas vezes profanos contra a equipa de futebol que resultaram neste desfecho.

O novo treinador da Liga Muçulmana disse, numa entrevista à Stv, que a equipa está desequilibrada. Concorda?

É capaz de ter razão, na perspectiva dele! Repare que a constituição de um plantel era suposto ter o consentimento do treinador e da direcção. Tal como disse, houve jogadores cuja integração foi inviabilizada, outros entraram apenas para cumprir esses consensos. Esse treinador devia ter-se documentado antes de entrar no país e perguntar aos directores do clube porque é que neste momento a equipa só tem um ponta-de-lança, porque é que não tem um lateral direito de raiz.


Devia ter feito essas perguntas aos directores do clube antes de emitir qualquer opinião. Mais ainda, tal como disse, na perspectiva dele, o plantel está desequilibrado, mas eu não sou obrigado a ter 40 pontas-de-lança só porque isso faz bem a um determinado treinador. Portanto, a escolha dos jogadores tem que ver com o modelo de jogo instituído para essa equipa.

O meu modelo de jogo é claramente diferente do dele, o preenchimento das posições na equipa depende única e exclusivamente de mim e do respeito aos princípios estipulados na equipa. Não venha, agora, o treinador assacar responsabilidades a outrem, na verdade devia merecer da parte dele um exercício melhor antes de assinar com a Liga.

Essas declarações não colocaram em causa a sua competência como treinador de futebol?

São quase 13 anos de permanência no país, com sucesso a todos os níveis. Só pode enganar um leigo na matéria. Acabei não concluindo o terceiro ano, mas o meu saldo é extremamente positivo, foram apenas duas épocas e meia, mas ganhei dois títulos dentro das quatro linhas, com muita capacidade e expressão de um futebol de bom nível, com exponenciação da capacidade de jogador, potenciando jogadores, alguns dos quais no exterior. O que quer dizer que, se alguém tem dúvidas, arranje outras desculpas, porque essas não pegam.

Terá dito numa outra entrevista que negava que se considerasse Litos um treinador de grande tarimba. Porquê?

Não terei dito isso. Não o conheço para tecer considerações dessa forma. Se é bom treinador, vamos esperar para ver, imagino que, pela contratação, será um bom treinador. Agora, no meu caso concreto, o que me repugna, muitas vezes, é esta subserviência mental das pessoas.

Repare que hoje se levanta questões relacionadas com salários e outras condições contratuais que foram oferecidas ao treinador que é moçambicano. Mas elas já não são questionadas quando são dadas a treinadores estrangeiros, muitos deles de capacidade duvidosa. Ninguém questionou, por exemplo, o salário do anterior seleccionador nacional, ninguém questiona os salários dos treinadores que estão a actuar no nosso país actualmente.

Então, não é verdade que ganhava 7 500 dólares, com casa e carro?

Tinha casa, carro e outras condições. Eu mereço. Os resultados são visíveis, dois títulos a um clube que não tinha conquistado nada até então, que tinha tido dois treinadores entrangeiros que não haviam conseguido nada. Com as mesmas ou melhores condições que as minhas, não ganharam nenhum campeonato.

Há mais valorização de treinadores estrangeiros que nacionais?

Claro que há. É o resultado da tal subserviência de que falei.

Podemos dizer que falta alguma auto-estima para valorizar o que é nosso?

Não alguma. Falta muita auto-estima. E é uma pena, este tratamento a mim repugna. Depois vendemos ao grande público que estamos a fazer grandes obras para o nosso futebol.


Fonte:O Pais
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